EM JEITO DE BALANÇO
O ano de 2004 fica na breve história deste século XXI como o ano do povo.
Na América, tantas vezes mal interpretada deste lado do Atlântico, o povo – ao contrário do que previa a maioria dos analistas europeus – deu a vitória a George Bush, manifestando a aprovação das suas políticas e apostando numa estratégia de continuidade, muito embora a intervenção no Iraque se tenha tornado num pesadelo da política externa americana.
A Europa, a nossa casa-comum, procedeu a um invulgar processo de alargamento, acolhendo dez novos Estados e abrindo-se ao leste europeu. Com este alargamento demonstrou um potencial de sedução em relação a novos e velhos Estados europeus, desenhando novas geometrias políticas de resultado ainda incerto, como sucede já com a abertura do processo de negociação com a Turquia, com vista a uma eventual adesão.
O alargamento a leste enterrou em definitivo a velha linha de divisão entre a Europa ocidental e a Europa de leste e inaugurou uma nova fase do período pós segunda guerra mundial.
A este processo de adesão sufragado popularmente nos Estados aderentes, sucede-se a aprovação dum novo Tratado, também a sujeitar a referendo popular.
Com passos institucionais ainda incertos, sem reformas de vulto, a Europa caminha em direcção a uma nova realidade institucional a vinte e cinco membros e com novos desafios nas suas fronteiras.
A "revolução laranja", como a história a designará, na Ucrânia é mais um sinal da intervenção popular. Iuchtchenko ganhou as eleições em nome duma aproximação à União Europeia e da rejeição da influência de Moscovo. Nas novas fronteiras da União joga-se uma parte significativa da nova geo-estratégia do ocidente, na qual a União Europeia não se pode limitar a ser espectadora.
Em Espanha, nas quase longínquas eleições legislativas, os eleitores, reagindo no momento, à actuação do Governo do PP nos atentados terroristas de 11 de Março, em Alcala de Henares e Atocha, mudaram subitamente o sentido do seu sentido, invertendo uma tendência eleitoral de vitória do PP, que todas as sondagens confirmavam. De modo tímido, no início, com convocação através de mensagens de telemóvel, depois, de modo mais organizado e geral, o povo saiu à rua e, democraticamente, expressou a sua opinião e trocou as voltas aos políticos.
Portugal organizou com reconhecida competência o Euro 2004. Os portugueses encheram os estádios, confirmando a sua paixão pelo futebol. O povo gostou do Europeu de futebol ao qual, para ser quase perfeito, apenas faltou a consagração da selecção nacional.
Nestes dias do Europeu, os portugueses descobriram que, afinal, também podem gostar de Portugal.
No Iraque, o povo prepara-se para as primeiras eleições livres em muitos anos. Há perguntas que continuam por responder, depois da vitória militar dos EUA. Os atentados são uma rotina e a guerrilha urbana instalou-se nalgumas localidades. Valeu a pena?
Depois da "Mars Explorer" ter descoberto água em Marte, o mundo volta a sonhar. Passo a passo, a exploração do espaço derruba velhas fronteiras, ultrapassa novos limites, levando a humanidade cada vez mais longe. Hoje, algumas das premonições dos antigos livros de ficção científica parecem já conhecimento desactualizado.
Ao casar, na Catedral de Almudena, com Filipe, Príncipe das Astúrias e sucessor do trono espanhol, a plebeia jornalista Letizia Ortins, transformou-se numa nova "princesa do povo". Mediática como poucos, bonita, a nova princesa conquistou os corações das audiências que pararam para acompanhar pela televisão o real casamento. Nasceu uma princesa da televisão! E o povo gostou.
O ano de 2004 fica na breve história deste século XXI como o ano do povo.
Na América, tantas vezes mal interpretada deste lado do Atlântico, o povo – ao contrário do que previa a maioria dos analistas europeus – deu a vitória a George Bush, manifestando a aprovação das suas políticas e apostando numa estratégia de continuidade, muito embora a intervenção no Iraque se tenha tornado num pesadelo da política externa americana.
A Europa, a nossa casa-comum, procedeu a um invulgar processo de alargamento, acolhendo dez novos Estados e abrindo-se ao leste europeu. Com este alargamento demonstrou um potencial de sedução em relação a novos e velhos Estados europeus, desenhando novas geometrias políticas de resultado ainda incerto, como sucede já com a abertura do processo de negociação com a Turquia, com vista a uma eventual adesão.
O alargamento a leste enterrou em definitivo a velha linha de divisão entre a Europa ocidental e a Europa de leste e inaugurou uma nova fase do período pós segunda guerra mundial.
A este processo de adesão sufragado popularmente nos Estados aderentes, sucede-se a aprovação dum novo Tratado, também a sujeitar a referendo popular.
Com passos institucionais ainda incertos, sem reformas de vulto, a Europa caminha em direcção a uma nova realidade institucional a vinte e cinco membros e com novos desafios nas suas fronteiras.
A "revolução laranja", como a história a designará, na Ucrânia é mais um sinal da intervenção popular. Iuchtchenko ganhou as eleições em nome duma aproximação à União Europeia e da rejeição da influência de Moscovo. Nas novas fronteiras da União joga-se uma parte significativa da nova geo-estratégia do ocidente, na qual a União Europeia não se pode limitar a ser espectadora.
Em Espanha, nas quase longínquas eleições legislativas, os eleitores, reagindo no momento, à actuação do Governo do PP nos atentados terroristas de 11 de Março, em Alcala de Henares e Atocha, mudaram subitamente o sentido do seu sentido, invertendo uma tendência eleitoral de vitória do PP, que todas as sondagens confirmavam. De modo tímido, no início, com convocação através de mensagens de telemóvel, depois, de modo mais organizado e geral, o povo saiu à rua e, democraticamente, expressou a sua opinião e trocou as voltas aos políticos.
Portugal organizou com reconhecida competência o Euro 2004. Os portugueses encheram os estádios, confirmando a sua paixão pelo futebol. O povo gostou do Europeu de futebol ao qual, para ser quase perfeito, apenas faltou a consagração da selecção nacional.
Nestes dias do Europeu, os portugueses descobriram que, afinal, também podem gostar de Portugal.
No Iraque, o povo prepara-se para as primeiras eleições livres em muitos anos. Há perguntas que continuam por responder, depois da vitória militar dos EUA. Os atentados são uma rotina e a guerrilha urbana instalou-se nalgumas localidades. Valeu a pena?
Depois da "Mars Explorer" ter descoberto água em Marte, o mundo volta a sonhar. Passo a passo, a exploração do espaço derruba velhas fronteiras, ultrapassa novos limites, levando a humanidade cada vez mais longe. Hoje, algumas das premonições dos antigos livros de ficção científica parecem já conhecimento desactualizado.
Ao casar, na Catedral de Almudena, com Filipe, Príncipe das Astúrias e sucessor do trono espanhol, a plebeia jornalista Letizia Ortins, transformou-se numa nova "princesa do povo". Mediática como poucos, bonita, a nova princesa conquistou os corações das audiências que pararam para acompanhar pela televisão o real casamento. Nasceu uma princesa da televisão! E o povo gostou.
(Publicado no Açoriano Oriental de hoje)