REFLEXÃO SOBRE O DIA DOS AÇORES
1. As circunstâncias conjugaram-se com outros calendários, a que as próximas eleições não são alheias, para que a comemoração do dia dos Açores fosse celebrado em Santa Maria. Saúdo o princípio da descentralização das comemorações pelas ilhas dos Açores, como forma de levar às mais afastadas e pequenas parcelas da Região a celebração da nossa identidade colectiva, como povo e região política.
2. A presença do Presidente da Assembleia da República – um açoriano, por sinal – é motivo de justificado orgulho, porque significa identificação do Estado com o processo autonómico, sem que tal identificação – do lado dos Açores – deva ou possa significar a anulação do carácter sempre reivindicativo da Região face a Lisboa, pois, os processos de descentralização política caracterizam-se sempre por uma tensão dialéctica entre as periferias e o centro. Quando essa tensão desaparece, é porque os protagonistas dos processos autonómicos decidiram meter a Autonomia na "gaveta"!
3. Não posso deixar de lamentar o papel subalterno da Assembleia Legislativa nas comemorações do dia dos Açores: nem o parlamento realizou uma sessão solene - nem este ano, nem em anos anteriores – na qual deveria ter usado da palavra o Presidente da Assembleia da República, nem sequer o Presidente do Parlamento usou da palavra na sessão comemorativa, no Cinema do Aeroporto, em Santa Maria. Lamentando esta prática, rejeito a subalternização evidente do parlamento face ao Governo Regional!
4. Apesar do correr dos anos, ainda muitos – a começar por altos responsáveis políticos – confundem o dia dos Açores com a celebração da Autonomia, enquanto sistema de auto-governo. A celebração do dia dos Açores contém em si própria, a comemoração da eficácia deste sistema de auto-governo, mas não se esgota nele ou sequer se confunde com ele. Na segunda-feira do Espírito Santo celebramos as marcas do Espírito em nós e a afirmação da nossa idiossincrasia enquanto povo. Vincamos a açorianidade que, do ponto de vista constitucional serve de fundamento à autonomia e que do ponto de vista histórico, social e cultural nos distingue dos restantes portugueses.
5. A celebração do dia dos Açores não é confundível, também, com uma simples opção de desenvolvimento, muito embora a experiência de auto-governo tenha arrancado os Açores dum atraso secular e permitido realizar uma obra em favor das pessoas que o poder central sempre recusou. O dia dos Açores, na segunda-feira do Espírito Santo invoca a unidade destas ilhas, numa data em que por todo o lado, onde houver um açoriano, se fala de devoção, de fé, de vontade e de querer.
6. Poderá parecer quase inútil falar de unidade dos Açores, mas nunca é demais recordá-la como uma das mais incisivas conquistas da jovem Autonomia açoriana. As ilhas, já unificadas no governo espiritual da Igreja, por meio da diocese de Angra e Ilhas dos Açores, experimentaram historicamente a divisão administrativa ao sabor dos interesses e das conveniências geo-políticas, ora da Coroa ora dos Governos republicanos. Após a derradeira experiência dos três distritos, a unificação política do governo das ilhas – primeiro sob a forma insípida e transitória duma Junta Governativa – e, depois, através dum Governo Regional, emanado duma assembleia parlamentar eleita por sufrágio directo, secreto e universal, é uma forma nova do exercício do poder.
7. A unidade dos Açores, como comunidade política organizada sob a forma de Região, tem resistido nestes quase trinta anos de auto-governo às manifestações de neo-barrismos perniciosos ou às derivas de governação – férteis nos últimos anos – que beliscam o equilíbrio desta unidade, construção de vontade férrea dum punhado de homens que há trinta anos ousaram ver para além do horizonte.
1. As circunstâncias conjugaram-se com outros calendários, a que as próximas eleições não são alheias, para que a comemoração do dia dos Açores fosse celebrado em Santa Maria. Saúdo o princípio da descentralização das comemorações pelas ilhas dos Açores, como forma de levar às mais afastadas e pequenas parcelas da Região a celebração da nossa identidade colectiva, como povo e região política.
2. A presença do Presidente da Assembleia da República – um açoriano, por sinal – é motivo de justificado orgulho, porque significa identificação do Estado com o processo autonómico, sem que tal identificação – do lado dos Açores – deva ou possa significar a anulação do carácter sempre reivindicativo da Região face a Lisboa, pois, os processos de descentralização política caracterizam-se sempre por uma tensão dialéctica entre as periferias e o centro. Quando essa tensão desaparece, é porque os protagonistas dos processos autonómicos decidiram meter a Autonomia na "gaveta"!
3. Não posso deixar de lamentar o papel subalterno da Assembleia Legislativa nas comemorações do dia dos Açores: nem o parlamento realizou uma sessão solene - nem este ano, nem em anos anteriores – na qual deveria ter usado da palavra o Presidente da Assembleia da República, nem sequer o Presidente do Parlamento usou da palavra na sessão comemorativa, no Cinema do Aeroporto, em Santa Maria. Lamentando esta prática, rejeito a subalternização evidente do parlamento face ao Governo Regional!
4. Apesar do correr dos anos, ainda muitos – a começar por altos responsáveis políticos – confundem o dia dos Açores com a celebração da Autonomia, enquanto sistema de auto-governo. A celebração do dia dos Açores contém em si própria, a comemoração da eficácia deste sistema de auto-governo, mas não se esgota nele ou sequer se confunde com ele. Na segunda-feira do Espírito Santo celebramos as marcas do Espírito em nós e a afirmação da nossa idiossincrasia enquanto povo. Vincamos a açorianidade que, do ponto de vista constitucional serve de fundamento à autonomia e que do ponto de vista histórico, social e cultural nos distingue dos restantes portugueses.
5. A celebração do dia dos Açores não é confundível, também, com uma simples opção de desenvolvimento, muito embora a experiência de auto-governo tenha arrancado os Açores dum atraso secular e permitido realizar uma obra em favor das pessoas que o poder central sempre recusou. O dia dos Açores, na segunda-feira do Espírito Santo invoca a unidade destas ilhas, numa data em que por todo o lado, onde houver um açoriano, se fala de devoção, de fé, de vontade e de querer.
6. Poderá parecer quase inútil falar de unidade dos Açores, mas nunca é demais recordá-la como uma das mais incisivas conquistas da jovem Autonomia açoriana. As ilhas, já unificadas no governo espiritual da Igreja, por meio da diocese de Angra e Ilhas dos Açores, experimentaram historicamente a divisão administrativa ao sabor dos interesses e das conveniências geo-políticas, ora da Coroa ora dos Governos republicanos. Após a derradeira experiência dos três distritos, a unificação política do governo das ilhas – primeiro sob a forma insípida e transitória duma Junta Governativa – e, depois, através dum Governo Regional, emanado duma assembleia parlamentar eleita por sufrágio directo, secreto e universal, é uma forma nova do exercício do poder.
7. A unidade dos Açores, como comunidade política organizada sob a forma de Região, tem resistido nestes quase trinta anos de auto-governo às manifestações de neo-barrismos perniciosos ou às derivas de governação – férteis nos últimos anos – que beliscam o equilíbrio desta unidade, construção de vontade férrea dum punhado de homens que há trinta anos ousaram ver para além do horizonte.
(Texto publicado no "Açoriano Oriental", de 18 de Maio de 2005)