REGIÃO POBRE, PODER FRÁGIL
O Governo Regional anunciou – com a pompa habitual – a realização dum Conselho de Governo para os Assuntos Económicos, no qual participarão a Câmara de Comércio, a Federação Agrícola e a estrutura representativa dos industriais de construção civil (AICOPA). Li a notícia e estranhei o seu conteúdo, não querendo acreditar no seu conteúdo.
O Conselho de Governo é um órgão de natureza colegial, presidido pelo Presidente do Governo e composto pelo Vice-Presidente e pelos Secretários Regionais. O Conselho de Governo é a reunião de todos os Secretários Regionais e Vice-Presidentes, se os houver, com competência para desempenhar todas as funções políticas e administrativas previstas na Constituição, no Estatuto Político-Administrativo ou na lei. O Estatuto Político-Administrativo admite a realização de reuniões restritas do Governo Regional em razão da matéria, seja ela de natureza económica, social ou outra.
Um Conselho de Governo para os Assuntos Económicos, destinado a tomar decisões ou definir orientações de natureza económico-financeira apenas pode ser composto por membros do Governo, nos termos do disposto no artigo 63º e seguintes do nosso Estatuto Político-Administrativo, e nunca por personalidades – por mais ilustres que sejam – que não desempenhem funções Governativas ao nível de Secretário Regional, Vice-Presidente ou Presidente do Governo.
Intencionalmente o Governo Regional ignora este facto, divulgando a participação de agentes económicos num Conselho de Governo como "a primeira iniciativa do género promovida por Carlos César", como se pode ler no portal oficial do Governo Regional, em www.azores.gov.pt, sob o título "Presidente do Governo propõe reflexão “desinibida, mas rigorosa” sobre economia dos Açores".
Não se trata duma má interpretação dos jornais, mas sim duma notícia cuja fonte é o oficial portal do Governo Regional dos Açores. De modo irreflectido, o Governo Regional comete um acto ilegal, confundindo a autoridade do Estado, com o poder das corporações.
Já não é primeira vez que os governos do PS acentuam esta confusão: quem já não se lembra, quando o Governo Regional tentou celebrar um acordo com a mesma AICOPA para que esta se endividasse junto da banca para pagar as dívidas da Região aos empreiteiros de obras públicas?
Agora não há um acordo com uma instituição de crédito, mas sim um acto político violador da legalidade, que confunde os parceiros sociais com governantes.
Se o Presidente do Governo quer auscultar os agentes económicos – e concordo que o faça – porque não reúne o Conselho Regional de Concertação Estratégica? Ou porque não reúne, simplesmente, com os parceiros sociais que entende dever ouvir?
Sob a pretensa capa duma novidade em época de campanha eleitoral, o Governo Regional desvaloriza, uma vez mais, o Conselho Regional de Concertação Estratégica, reconhecendo implicitamente que a sua composição reflecte, de modo excessivo, o peso dos vários departamentos governamentais, em prejuízo da sociedade civil e do tecido económico e empresarial.
Haverá sempre quem, perante isto, encolha os ombros e diga que "não tem importância". Porém, a acção política e a conduta dos governantes é pautada por regras cujo cumprimento estrito é sempre exigível e devido, em democracia. Não é um pormenor burocrático ou administrativo que está em causa. Trata-se da dignidade da Região, do funcionamento dum órgão político e administrativo e, fundamentalmente, do respeito pela letra do Estatuto.
Aquilo que poderia ser normal numa república das bananas, não é tolerável numa Região democrática e num Estado de direito.
O Governo Regional anunciou – com a pompa habitual – a realização dum Conselho de Governo para os Assuntos Económicos, no qual participarão a Câmara de Comércio, a Federação Agrícola e a estrutura representativa dos industriais de construção civil (AICOPA). Li a notícia e estranhei o seu conteúdo, não querendo acreditar no seu conteúdo.
O Conselho de Governo é um órgão de natureza colegial, presidido pelo Presidente do Governo e composto pelo Vice-Presidente e pelos Secretários Regionais. O Conselho de Governo é a reunião de todos os Secretários Regionais e Vice-Presidentes, se os houver, com competência para desempenhar todas as funções políticas e administrativas previstas na Constituição, no Estatuto Político-Administrativo ou na lei. O Estatuto Político-Administrativo admite a realização de reuniões restritas do Governo Regional em razão da matéria, seja ela de natureza económica, social ou outra.
Um Conselho de Governo para os Assuntos Económicos, destinado a tomar decisões ou definir orientações de natureza económico-financeira apenas pode ser composto por membros do Governo, nos termos do disposto no artigo 63º e seguintes do nosso Estatuto Político-Administrativo, e nunca por personalidades – por mais ilustres que sejam – que não desempenhem funções Governativas ao nível de Secretário Regional, Vice-Presidente ou Presidente do Governo.
Intencionalmente o Governo Regional ignora este facto, divulgando a participação de agentes económicos num Conselho de Governo como "a primeira iniciativa do género promovida por Carlos César", como se pode ler no portal oficial do Governo Regional, em www.azores.gov.pt, sob o título "Presidente do Governo propõe reflexão “desinibida, mas rigorosa” sobre economia dos Açores".
Não se trata duma má interpretação dos jornais, mas sim duma notícia cuja fonte é o oficial portal do Governo Regional dos Açores. De modo irreflectido, o Governo Regional comete um acto ilegal, confundindo a autoridade do Estado, com o poder das corporações.
Já não é primeira vez que os governos do PS acentuam esta confusão: quem já não se lembra, quando o Governo Regional tentou celebrar um acordo com a mesma AICOPA para que esta se endividasse junto da banca para pagar as dívidas da Região aos empreiteiros de obras públicas?
Agora não há um acordo com uma instituição de crédito, mas sim um acto político violador da legalidade, que confunde os parceiros sociais com governantes.
Se o Presidente do Governo quer auscultar os agentes económicos – e concordo que o faça – porque não reúne o Conselho Regional de Concertação Estratégica? Ou porque não reúne, simplesmente, com os parceiros sociais que entende dever ouvir?
Sob a pretensa capa duma novidade em época de campanha eleitoral, o Governo Regional desvaloriza, uma vez mais, o Conselho Regional de Concertação Estratégica, reconhecendo implicitamente que a sua composição reflecte, de modo excessivo, o peso dos vários departamentos governamentais, em prejuízo da sociedade civil e do tecido económico e empresarial.
Haverá sempre quem, perante isto, encolha os ombros e diga que "não tem importância". Porém, a acção política e a conduta dos governantes é pautada por regras cujo cumprimento estrito é sempre exigível e devido, em democracia. Não é um pormenor burocrático ou administrativo que está em causa. Trata-se da dignidade da Região, do funcionamento dum órgão político e administrativo e, fundamentalmente, do respeito pela letra do Estatuto.
Aquilo que poderia ser normal numa república das bananas, não é tolerável numa Região democrática e num Estado de direito.
(Publicado na edição de hoje do Açoriano Oriental)